A pesquisadora, entomologista Drª Tatiane Lobak, da Fundação Chapadão divulgou um alerta sobre a descoberta da incidência da cigarrinha africana (Leptodelphax maculigera) em Mato Grosso do Sul. O inseto, “primo” da cigarrinha do milho, a cigarrinha africana foi encontrada em plantas na área experimental da Fundação Chapadão, em Chapadão do Sul/MS.
Esse primeiro registro da cigarrinha-africana no Estado foi constado pela equipe de Entomologia da Fundação Chapadão coordenada pela Drª Tatiane, a qual teve apoio graduanda em agronomia, Kerolainy R. Ferreira que realizou o seu estágio de férias na instituição. A estudante faz parte do grupo de pesquisa da Universidade federal de Goiás (UFG) que fez o primeiro registro dessa cigarrinha no Brasil.
A partir da descoberta em Goiás, pela primeira vez no Brasil, pesquisadores de outras regiões do país encontraram a cigarrinha-africana durante o monitoramento com armadilhas adesivas no Rio Grande do Sul, depois no Paraná e agora em encontrou-se em plantas de diferentes culturas no Mato Grosso do Sul. Segundo a pesquisadora, a preocupação é que foi detectada a presença da cigarrinha africana também nas culturas do Sorgo e Milheto, além da Braquiária, já registrada anteriormente. Assim, torna-se importante monitorar essas plantas na área para identificar se está ocorrendo ou não essa espécie de cigarrinha pela diferenciação em algumas características morfológicas.
A cigarrinha africana é muito parecida com a cigarrinha do milho, embora elas possuam características morfológicas que as diferenciam. A cigarrinha-africana é menor, possui um esporão nas tíbias das pernas posteriores, olhos negros e uma mancha negra no clípeo, a região que suporta o aparelho bucal dos insetos. Já a cigarrinha do milho é maior, apresenta uma fileira com vários espinhos em suas tíbias posteriores e possui duas pontuações pretas na cabeça.
Segundo a Pesquisadora Drª Tatiane, outra preocupação é que foi detectado nas cigarrinhas encontradas no Paraná o vírus rayado-fino, ou vírus-da-risca, (maize rayado fino vírus – MRFV), que comumente é transmitido pela cigarrinha-do-milho (D. maidis) para as plantas de milho e causa prejuízos para essa cultura. Assim, torna-se importante realizar mais estudos para entender se a nova espécie de cigarrinha irá transmitir o vírus e outros patógenos para a cultura do milho.
Diante das incertezas que ainda pairam sobre as consequências da presença da cigarrinha africana, no Brasil, a Drª Tatiane preparou um alerta que está sendo distribuído para os produtores rurais, pesquisadores, consultores, sugerindo que seja adotado o monitoramento e o manejo, já conhecidos para o controle da cigarrinha-do-milho, como fator de precaução. Entre as ações de manejo, destacam os pesquisadores sobre a eliminação de plantas de milho voluntárias (“Tigueras”) e de plantas daninhas que podem servir de abrigo para essas cigarrinhas e outras pragas. “Com o registro da presença dessa cigarrinha em mais um estado brasileiro com relevância na produção de grãos, levanta o alerta para conduzir estudos de monitoramento, susceptibilidade aos inseticidas e o potencial de dano que ela possa ocasionar no milho e em outras culturas. Portanto, as medidas de Manejo Integrado de Pragas devem ser adotadas para a cigarrinha-do-milho e essas medidas podem refletir na nova cigarrinha, para que ela não se torne praga nas lavouras brasileiras”, alerta a Drª Tatiane.
Fonte: Assessoria de imprensa Fundação Chapadão
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