Nos primeiros oito meses do ano, Mato Grosso do Sul já vendeu US$ 7,23 bilhões (R$ 37,23 bilhões na cotação de ontem) em produtos para o mercado. O montante supera em mais de R$ 15 bilhões a receita que o Estado prevê arrecadar com impostos neste ano, que é de R$ 22 bilhões, conforme previsto no Orçamento anual. Se fracionadas pelo tempo, é como se MS vendesse, por dia, R$ 155 milhões em produtos para o mercado externo.
E mais: até mesmo o saldo da balança comercial – que é a diferença entre o volume exportado e o importado – supera a receita orçamentária prevista para o ano. O superavit da balança de MS em oito meses foi de US$ 5,2 bilhões (pouco mais de R$ 26 bilhões na cotação de ontem). No período, as importações efetuadas no território sul-mato-grossense somaram US$ 2 bilhões (pouco mais de R$ 10 bilhões).
Os dados constam na Carta de Conjuntura da atividade externa da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
O recorde histórico da balança comercial é puxado, sobretudo, pelos grãos, com um excelente desempenho das vendas para o exterior de soja, farelo de soja e milho.
Somente a oleaginosa acumula crescimento no volume exportado de 64,38% em relação ao ano passado: foram 6,1 milhões de toneladas exportadas nos primeiros deste ano contra 3,3 milhões de toneladas em igual período de 2022.
No mesmo período de 2022 foram US$ 1,6 bilhão. A explicação para esse desempenho recorde é a supersafra, segundo o titular da Semadesc, secretário Jaime Verruck. “Tivemos uma supersafra de soja, tanto que ainda há mais para exportar, pois ainda existem problemas de armazenagem. O bom desempenho é significativo, pois, neste ano, ainda tivemos um dólar mais fraco”, comenta.
Verruck também ressalta que o resultado das exportações contribuem para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.
“As exportações líquidas, quando você faz o cálculo do PIB, questão do quanto você importa e exporta, são importantíssimas no desenvolvimento da economia. Então, acho que esse é um ponto fundamental”, pondera.
“Houve uma venda de US$ 7 bilhões para o exterior, e esse recurso é distribuído na cadeia produtiva. E isso é muito importante, pois trata-se de uma renda com impacto direto no crescimento econômico do Estado, e daí a relevâncias das exportações”, reforça.
ANÁLISE
Primeiro produto da pauta de exportações, no Estado, a soja é responsável por 44,17% de tudo que enviado para fora do País no quadrante de valores, tendo 64,38% de elevação em relação a 2022. Isso porque, de janeiro a agosto do ano passado, o total arrecadado com o produto foi de US$1,942 bilhão, enquanto nesse ano já chega a US$ 3,193 bilhões.
No quesito volume, nos primeiros oito meses do ano anterior, foram enviados 3,384 milhões de toneladas de soja sul-mato-grossense ao exterior, enquanto neste ano o volume mais que dobrou, passando para 6,177 milhões de toneladas (64,38%).
Falando sobre a estratificação sobre o ponto de vista dos produtos, o titular da Semadesc destaca que a soja realmente tem sido a grande demanda de MS, com crescimento significativo comprovado pela supersafra colhida no ciclo passado. “Nós tivemos um plantio recorde, com uma safra recorde, e a consequência disso foi uma exportação, até o momento, também recorde”, aponta Verruck.
Apesar de a celulose ter contribuído com 2,728 milhões de toneladas em oito meses e a carne bovina com 124.316 toneladas, seguindo no ranking dos três principais itens exportados por Mato Grosso do Sul, ambos apresentam porcentual negativo na comparação com o mesmo intervalo do ano passado, sendo, respectivamente, -1,86% e -23,54.
Sobre a commodity, o secretário salienta que todas as indústrias estão trabalhando em capacidade plena. “Não temos sazonalidade de exportações de celulose, mas ela tende a ter uma exportação padrão ao longo de todo o ano”, cita Verruck, que ainda ressalta a chegada da Suzano em Ribas do Rio Pardo, a qual,provavelmente no segundo semestre de 2024, dará novo fôlego ao seguimento.
Dessa forma, os coadjuvantes farelos e milho ganham destaque no panorama de crescimento no mercado externo. De acordo com o relatório, o item farelos apresenta aumento de 18,10% em oito meses, passando de 880 mil toneladas, para 1,027 milhão de toneladas neste ano (US$ 526,21 milhões).
Na sequência está o milho, commodity que vem ganhando espaço no mercado externo. De janeiro a agosto deste ano, o volume de exportação quase dobrou, passando de 1,136 bilhão de toneladas para 1,665 milhão de toneladas. Em termos de valor, o crescimento é de 40,75% em relação ao mesmo período do ano passado.
MOVIMENTAÇÃO
Entre os principais destinos das exportações, a China segue como o maior comprador dos produtos e commodities sul-mato-grossenses (principalmente soja e celulose), concentrando 41,60% do valor total das vendas externas no período de janeiro a agosto.
Os países com maiores aumentos na participação foram o Uruguai (+501,36%) e a Argentina (+228,44%). A concentração nos 10 maiores destinos das exportações passou de 67,66% para 74,27% nos oito primeiros meses do ano na comparação com o mesmo período de 2022.
PORTOS
O Porto de Paranaguá (PR) foi a principal via de escoamento do comércio exterior de Mato Grosso do Sul de janeiro a agosto deste ano, correspondendo a 40,23% das exportações – crescimento de 21,24%.
Já o Porto de Santos (SP), principal rota de saída da celulose sul-mato-grossense, correspondeu a 31,76% das operações de vendas externas do Estado.
“É importante destacarmos o desempenho das exportações via Porto Murtinho. Houve um aumento de 187,5 mil toneladas no ano passado para 561,4 mil toneladas de janeiro a agosto deste ano, crescimento de 318,72%”, acrescenta Verruck.
O principal município exportador no período analisado foi Três Lagoas, com 22,01% dos valores exportados – composição baseada sobretudo no setor de papel e celulose.
PROJEÇÃO NACIONAL
Os resultados da balança comercial referentes ao mês de setembro no Brasil trazem como destaque a última revisão da previsão para o ano, que estima um novo saldo de US$ 93 bilhões: exportação de US$ 334 bilhões e importação de US$ 241 bilhões. Com isso, a corrente de comércio deverá ser de US$ 575 bilhões.
Em setembro, as exportações somaram US$ 28,431 bilhões e as importações, US$ 19,527 bilhões – saldo positivo de US$ 8,904 bilhões e corrente de comércio de US$ 47,958 bilhões.
No ano, as exportações totalizam US$ 253,009 bilhões e as importações, US$ 181,7 bilhões, um saldo positivo de US$ 71,309 bilhões e corrente de comércio de US$ 434,709 bilhões.
Fonte: correiodoestado
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