Reconhecido nacionalmente de forma oficial pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) como área livre de febre aftosa sem vacinação, pela primeira vez na história, Mato Grosso do Sul segue em busca da certificação internacional que permitirá alcançar novos mercados e ter ainda uma cotação melhor na arroba do boi. Publicação da portaria n.º 665, foi realizada ontem (25), no Diário Oficial da União.
Passo importante para obter o reconhecimento internacional pela Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) e expandir o mercado da carne produzida no Estado está programado para ser analisado em maio de 2025.
Nesse contexto a senadora Tereza Cristina (PP-MS), que já foi ministra da Agricultura, destaca que a conquista é um grande avanço para a região. “A certificação faz com que Mato Grosso do Sul contemple mercados mais exigentes, que pagam muito mais caro pela carne, e hoje compram de lugares que não têm a vacinação. Estados Unidos, Canadá, Japão e Coreia” são estes mercados, elenca.
O engenheiro-agrônomo, diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Daniel Ingold, reforça que em termos de mercado, o processo de certificação já obteve reflexo. “Já recebemos há um ano uma comitiva do México, que veio ver todo o sistema da Iagro. Posteriormente houve uma abertura de mercado no México”, exemplifica.
O chefe da Iagro relata ainda que a certificação internacional alavancará o Estado no ranking de outros países. “Vamos poder fornecer para muitos mercados que vão ser abertos, então, a partir daí, economicamente haverá abrangência para negociações”, reitera Ingold.
Tereza Cristina salienta ainda que os produtores poderão trabalhar com mais liberdade ao se verem livre de uma doença que a séculos assombra o agronegócio. “A vantagem é que o produtor vai gastar menos com o manejo do rebanho, fora vacina que ele não terá de comprar e realizar todo o processo que envolve a vacinação”, aponta a senadora.
Ao Correio do Estado o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai ressalta que a portaria é um reconhecimento nacional, que faz parte do processo da certificação internacional que deve ser concedida pela Organização Mundial de Saúde Animal, “Portanto, na prática, ainda não será possível o trânsito de animais para áreas já reconhecidas internacionalmente pelo Omsa, mas é um procedimento importante dentro dos critérios necessários para que a gente possa ser reconhecido no ano que vem”, finaliza Bumlai.
“A certificação vai fazer com que Mato Grosso do Sul contemple mercados mais exigentes, que pagam muito mais caro pela carne”, Tereza Cristina, senadora e ex-ministra da Agricultura.
CERTIFICAÇÃO
Para conquistar o status certificação internacional, de área livre de aftosa sem vacina, Mato Grosso do Sul deve cumprir todas as etapas previstas no Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), entre elas a já realizada, sendo esta a retirada da vacina da aftosa no rebanho.
Para o reconhecimento é exigido também a proibição de ingresso de animais vacinados em MS e nos 15 estados propostos por pelo menos, 12 meses.
Seguindo o procedimento desde de novembro de 2022, Daniel Ingold destaca que o Estado está no penúltimo passo, para reconhecimento internacional. “Finalizamos a sorologia e já passamos a documentação para o Mapa. Na sequência, em 02 de maio, que é o que regulamenta a portaria, o trânsito vai ser interrompido com unidades da Federação que continuam a vacinar. Ou seja, para o Mato Grosso do Sul é muito pouco porque os nossos vizinhos também vão estar no mesmo Estado Sanitário”, detalha Ingold.
Conforme o diretor-presidente, até setembro toda essa documentação será levada até o Ministério da Agricultura, para posterior execução de protocolo a ser encaminhado para a Organização Mundial de Saúde animal. “O pleito vai ser analisado no mês de maio de 2025, aí vai ter a certificação internacional”, complementa Daniel Ingold.
HISTÓRICO
O primeiro foco de aftosa que se tem registro em Mato Grosso do Sul foi detectado no município de Naviraí, próximo à divisa com o Paraná, em 1999, situação colocou os pecuaristas principalmente do Sul do país em alerta.
Em 2001, a zona livre de febre aftosa com vacinação é ampliada com reconhecimento dos Estados da Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Sergipe, Tocantins e parte de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo.
No ano seguinte, focos de aftosa na Argentina e Paraguai provocam novo alerta em pecuaristas do Sul e Centro-Oeste. Três anos depois a ocorrência da doença em municípios do Pará e Amazonas, no norte do Brasil, resulta na restrição de importações de carne por vários países.
O governo federal realiza então ações para demonstrar aos compradores que as áreas atingidas estão longe do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, principais regiões de produção de carne para a exportação.
Em outubro de 2005 o vírus reaparece em Mato Grosso do Sul e Paraná, o que resulta na suspensão da condição de zona livre nestes estados e mais 10: Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
No ano de 2008 acontece a restituição do reconhecimento de zona livre da doença para MS e estados onde essa condição havia sido suspensa em 2005.
O ano de 2011 chega com catorze estados, incluindo Mato Grosso do Sul, o Distrito Federal, sendo considerados livres do vírus com vacinação. Nesse momento Mato Grosso do Sul e outras unidades federativas do País debatem a retirada da vacina.
Rumo há 20 anos sem registro de febre aftosa, MS conquistou a certificação nacional e segue em busca da internacional. Segundo o Mapa, atualmente, no Brasil, somente os estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso têm a certificação internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação.
VACINAÇÃO
A última etapa de vacinação contra a febre aftosa em Mato Grosso do Sul foi realizada em novembro de.
Conforme dados da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), em novembro de 2022, foram vacinados um total de 15.702.964 animais, entre bovinos e bubalinos, em 52.279 propriedades.
Ainda de acordo com as informações oficiais, Mato Grosso do Sul alcançou um índice de cobertura vacinal excelente, acima de 99%, tanto para as propriedades, que foi de 99,65%, como para os animais, que foi de 99,80%.
Fonte: CorreioDoEstado
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