Empresa fatura R$ 6 milhões neste ano apenas com contratos emergenciais - Bolsão News

Empresa fatura R$ 6 milhões neste ano apenas com contratos emergenciais

Responsável pela obra de restauração do Lago do Amor, empresa lucrou R$ 6 milhões apenas neste ano com contratos emergenciais com prefeituras, sem precisar de licitações.
A empreiteira CCO Infraestrutura Ltda., situada em Campo Grande e com sede secundária em Ponta Porã, é conhecida como “SOS construções”.

Isso porque, em poucos meses deste ano, conseguiu contratos de obras emergenciais de reparos e danos com prefeituras, formato que elimina a competição entre empresas e agiliza o processo, sem precisar passar por licitação.

Com contrato de R$ 3,2 milhões assinado em março para recompor a estrutura do Lago do Amor, cujo muro de contenção da água da chuva desmoronou durante um temporal em janeiro deste ano, a CCO também embarcou em duas reparações emergenciais em maio e assinou outro contrato neste mês.

São dois serviços emergenciais de recuperação de pavimento asfáltico e drenagem de águas pluviais em Ponta Porã no valor total de R$ 2,3 milhões – um dos contratos ainda segue em período de vigência, com valor de R$ 931 mil.

O município de Ribas do Rio Pardo, com a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), repassou R$ 479.950,29 para a empresa, que fica responsável pela obra emergencial de recuperação de áreas degradadas no acesso ao polo industrial do município do interior.

Segundo apuração do Correio do Estado, a empresa tentou entrar em ampla concorrência com outras empreiteiras neste ano em obras em outros municípios do interior que exigiam o processo habitual de licitação, porém, foi considerada inabilitada.

O caso de processo licitatório ocorreu em setembro, no município de Três Lagoas. Dos dois processos que ocorreram em maio, em um deles a CCO chegou a entrar com recurso, pela inabilitação de sua proposta para obra no município de Dois Irmãos do Buriti.

Na outra licitação em que concorreu, que seria de pavimentação asfáltica e drenagem de águas pluviais em um loteamento em Inocência, a empreiteira também foi considerada inabilitada para o serviço.

Em cinco anos (2019 a 2023), a CCO chegou a receber R$ 53 milhões de um total de 13 contratos licitatórios de obras acordadas no município de Ponta Porã, local onde tem uma sede.

LAGO DO AMOR

Não deu nem tempo de a população aproveitar a obra realizada pela CCO na região do Lago do Amor: um trecho da calçada cedeu na sexta-feira e o local precisou ser novamente interditado pela Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran).

A calçada quebrou no espaço ocupado por dois vendedores e, segundo informações da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), a calçada cedeu durante um teste no vertedouro.

A Sisep esteve ontem no local para fazer uma avaliação e verificar o que ocasionou o desnivelamento.

“A Sisep informa que o vertedouro foi construído para que nos períodos de chuva forte possa ser feito o controle da vazão da água no Lago do Amor e, assim, evitar transbordamento. A operação do vertedouro é feita manualmente”, informou a Sisep, em nota.

Conforme detalhado em edição extra do Diário Oficial de Campo Grande do dia 29 de março de 2023, a CCO recebeu R$ 3.880.427,10 pelas obras no Lago do Amor, para recomposição estrutural do aterro, instalação de vertedouro, construção do muro de contenção e seus complementos.

Antes de ser finalizado e entregue, o serviço chegou a ter seu início adiado. À época, o engenheiro da prefeitura responsável pelo andamento das obras apontou que a execução teria o prazo prorrogado em até três meses, ficando para o último trimestre deste ano.

DONOS DA CCO

De acordo com fonte ouvida pela reportagem do Correio do Estado, a CCO Infraestrutura Ltda. chegou a pertencer, por mais de duas décadas, a Francisco de Assis Cassundé, que vendeu sua parte do negócio em dezembro do ano passado, antes de assumir um cargo de direção na Agesul.

O acordo original estipulava que a venda seria feita em parcelas, mas, antes de efetuar o pagamento, o sócio Alberto Azevedo Júnior optou por vender a empresa a um terceiro, Maycon Matias dos Santos.

O acordo de venda foi concluído por R$ 1,5 milhão, resultando na mudança de nome da empresa para CCO Infraestrutura Ltda. e em um aumento significativo do capital social da empresa, que passou de R$ 1,5 milhão para R$ 2,5 milhões.

Atualmente, a empresa conta com um novo proprietário, que injetou mais capital social. Segundo registros, Maycon vendeu a empresa a Renato de Márcio, um empresário de Três Lagoas, que posteriormente aumentou o capital da empresa para R$ 5,1 milhões.

Fica a incógnita sobre os motivos que levaram o ex-dono a vender uma empresa tão lucrativa.

Fonte: Correiodoestado

Categoria