A cigarrinha do milho, também conhecida como Dalbulus maidis, é uma praga que os agricultores brasileiros estão bem familiarizados. No entanto, uma nova ameaça surgiu sob a forma da cigarrinha africana, Leptodelphax maculigera. Originária da África, a cigarrinha africana já foi documentada em vários países do continente, incluindo as Ilhas Mascarenhas, Costa do Marfim, Madagascar, Quênia e Camarões. Até recentemente, essa espécie não havia sido detectada nas Américas e não era considerada uma praga quarentenária pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil.
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O segundo relato da presença da cigarrinha africana no Brasil ocorreu no Rio Grande do Sul, onde indivíduos semelhantes à cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) foram atraídos e capturados por armadilhas adesivas coloridas na estação experimental da CCGL, em Cruz Alta. Glauber Renato Stürmer, especialista em entomologia da CCGL, foi responsável por essa descoberta.
O estado do Paraná foi o terceiro a notificar a presença da cigarrinha africana no Brasil. A praga foi identificada em lavouras no município de Londrina (PR), no norte do estado, e amostras foram enviadas pelos técnicos do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) ao Laboratório de Entomologia Aplicada da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Devido à semelhança entre as duas espécies, é possível que elas sejam erroneamente categorizadas como “cigarrinhas do milho” durante inspeções de campo. Isso se deve, em parte, ao fato de a presença de L. maculigera ser uma novidade no Brasil. No entanto, as estratégias de manejo recomendadas para D. maidis também devem ser aplicadas para L. maculigera.
Fonte: Ferreira et al. (2023)
Estratégias de Manejo
O manejo eficaz dessas pragas requer uma abordagem integrada que combina várias estratégias:
Rotação de culturas: Alternar diferentes tipos de culturas na mesma área ao longo do tempo ajuda a interromper o ciclo de vida das cigarrinhas e de outras pragas, reduzindo sua população. Além disso, melhora a saúde do solo e reduz a necessidade de produtos químicos.
Escolha de híbridos tolerantes: Selecionar híbridos de milho que sejam resistentes à cigarrinha é uma estratégia valiosa, reduzindo a necessidade de intervenções químicas e aumentando a produtividade.
Redução da janela de semeadura (sobreposição da cultura): Plantar o milho em diferentes estágios reduz a janela de tempo em que as cigarrinhas podem infestar o campo, limitando seu período de alimentação e reprodução.
Eliminação do milho voluntário: Eliminar plantas de milho que crescem a partir de grãos caídos no solo evita que elas sirvam de hospedeiras para as cigarrinhas.
Tratamento de sementes: O tratamento de sementes com inseticidas protege as plantas jovens durante as fases iniciais de crescimento, quando são mais vulneráveis.
Aplicação foliar de produtos químicos associados com biológico a partir de V2: A partir do estágio V2 do milho, a aplicação foliar de produtos químicos em combinação com agentes biológicos pode ser eficaz no controle da cigarrinha.
Indutores de tolerância: O uso de indutores de tolerância nas plantas de milho ajuda a melhorar sua resiliência a pragas e doenças. Eles reforçam as defesas da planta e a tornam menos suscetível às cigarrinhas.
Equilíbrio nutricional entre macro e micronutrientes: Manter uma nutrição equilibrada nas plantas, com foco em nutrientes como cálcio e silício, torna as plantas menos atrativas para as cigarrinhas e melhora sua saúde geral.
Em resumo, o manejo eficaz das cigarrinhas do milho, incluindo a cigarrinha africana emergente, requer uma abordagem multifacetada que promove a saúde das plantas e reduz a dependência de pesticidas. Essas estratégias combinadas contribuem para uma agricultura mais sustentável e eficaz no combate a ambas as pragas.
O artigo foi enviado por Geraldo Gouveia, pesquisador e especialista técnico de campo em Agronomia do Centro Tecnológico Agrogalaxy (CTA)
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