“O câncer não espera e posso perder meu pai a qualquer momento”, o relato de Elisângela Ocampo dos Santos, 44, expõe o desabafo de uma filha diante do desamparo do setor de saúde pública de Campo Grande. Há mais de um ano, ela luta para salvar o pai, Luiz dos Santos, 72, diagnosticado com câncer de próstata.
Desde o diagnóstico, o pai de Elisângela recorre à saúde pública para o tratamento contra o câncer, contudo, sucessivos episódios de negligência fizeram com que ela procurasse a reportagem do Jornal Midiamax.
A dona de casa explica que recentemente seu pai precisou fazer um exame de raio-x, mas foi informado que o equipamento necessário para realizar o exame estava quebrado, o que a fez recorrer à rede privada.
“Tivemos que pagar particular porque ele teve que fazer raio-x e nos informaram que a máquina do Hospital Regional estava quebrada e seria consertada no início do mês, mas como era um câncer não podíamos esperar então fizemos uma vaquinha entre a família e pagamos particular”, relatou.
Agora, o pai de Elisângela precisa passar por um médico cardiologista para avaliar os próximos passos do tratamento, no entanto, a falta de profissionais impede o procedimento.
“Meu pai precisa passar por um cardiologista e depois voltar ao oncologista que vai avaliar se ele pode ser operado ou se fará uma quimioterapia, mas fomos informados que têm somente um cardiologista no regional e nunca abre agenda dele, então vamos ter que fazer outra vaquinha para pagar um particular”, lamentou.
Perda da mãe
Não é de hoje que Elisângela sofre com o descaso do setor de saúde pública, em abril de 2022, ela levou a mãe, Margarida Ocampo, até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Vila Almeida com sintomas de pneumonia, mas não obteve um diagnóstico preciso, pois o equipamento estava quebrado.
“Quando chegamos à UPA eles falaram que poderia ser pneumonia, mas não tinham certeza porque a máquina de raio-x estava quebrada, as médicas falaram que ela tinha que ir para o hospital e conseguiram uma vaga no HU (Hospital Universitário), mas não tinha ambulância de UTI, nisso ela perdeu a vaga”, conta a dona de casa.
Sem previsão de liberação da ambulância e temendo pela vida da mãe, Elisângela foi informada que se pagasse por um transporte particular conseguiria uma nova vaga no HU, ela então decidiu contratar uma ambulância e desembolsou em torno de R$ 1.600,00, que foi adquirido por meio da doação de familiares.
Contudo, seis meses depois do ocorrido, a mãe de Elisângela sofreu uma parada cardíaca e faleceu aos 70 anos, na UPA Vila Almeida, mesmo local em que havia dado entrada seis meses antes.
“Fico indignada porque sei que o caso da minha mãe não será o último, uma cidade desse porte não ter transporte adequado é uma vergonha, se eu não agisse e pagasse um particular minha mãe teria morrido ali naquele posto”, finaliza.
O que diz o setor de saúde de Campo Grande?
Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) destacou que Campo Grande conta com uma frota de 13 ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), sendo quatro de suporte avançado, equipadas com estrutura de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Sobre o caso de Margarida, a Sesau esclarece que provavelmente todas as unidades estavam empenhadas em outros atendimentos no momento da solicitação, por isso não foi possível realizar a transferência.
“Em relação ao exame de Raio-X, atualmente o serviço é disponibilizado nas unidades de urgência e também nos ambulatórios especializados. Neste ano, as UPAs Coronel Antonino e Universitário receberam novos equipamentos mais modernos e eficazes. A Prefeitura está com processos em andamento para aquisição de mais aparelhos que serão destinados às unidades”, destaca a nota.
O Hospital Regional esclareceu que todos os serviços operam normalmente, o que inclui o exame de Raio-X. Sobre a consulta, o Hospital alega que apenas solicita a consulta e que o agendamento é feito por meio da central de regulação municipal.
Fonte: Midiamax
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