A região Centro-oeste tem maior destaque em relação à renda por pessoa no país, sendo R$ 2.264, valor acima da média nacional de R$ 1.893. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região teve o Coeficiente de Desequilíbrio Regional (CDR) igual a 1,00.
O índice tratou ainda das regiões Nordeste e Norte, que apresentaram rendimentos inferiores à nacional. O Nordeste teve rendimento de R$ 1.155 e um CDR de 0,61. E o Norte teve rendimento de R$ 1.314 e CDR de 0,69.
Os dados apontam a disparidade de renda no Brasil. O economista e professor Gilberto Braga, do Ibmec, avalia que as disparidades regionais são explicadas pelas próprias características econômicas predominantes das regiões.
“Quando se vê que o Centro-Oeste está acima da média nacional, isso mostra justamente a pujança do agronegócio, o crescimento expressivo dos últimos anos muito mais acelerado do que a expansão econômica das outras regiões brasileiras — então isso é capturado nessa pesquisa da PNAD Contínua do IBGE”, diz. Ele acrescenta que a região também é caracterizada pelos rendimentos do funcionalismo público.
Brasil: renda maior, mas ainda desigual
Segundo o diretor do FGV Social, Marcelo Neri, a desigualdade geral no país permaneceu no mesmo nível do ano anterior. Ele explica que apesar de os dados referentes a 2023 se consolidarem como o menor nível da série histórica, criada em 1976, o país ainda é desigual e carece de atenção para mudar o cenário. Neri avalia que os dados mostram um crescimento de renda, mas com desigualdade alta e estável.
“Talvez o principal ponto da evolução brasileira seja na comparação ao longo do tempo — de 2022 para 2023 em termos reais —, a renda cresce a mais de 11%, no entanto a desigualdade entre regiões ou entre pessoas no Brasil não mudou. E ela se encontra num nível muito alto”, aponta Marcelo Neri.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Economistas de São Paulo, Carlos Eduardo Oliveira Júnior. a produção menor também impacta nas economias regionais. Além disso, ele destaca o impacto nas cidades do recebimento de menos recursos pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
“Se teve uma produção menor, uma renda menor nessas regiões e essa população, de uma maneira geral, vai receber menos recursos na cidade e acaba impactando também. Ou seja, o prefeito vai ter menos condições de atender, eventualmente, esses munícipes nessa região lá. Seja com relação à produção, elaboração de obras — ou seja, também, no atendimento da população; em obras sociais, em obras de saúde”, afirma o sindicalista.
Perspectivas
Entre as medidas que podem colaborar para a redução da disparidade regional em termos econômicos, os especialistas apontam a criação de programas sociais como Bolsa Família — e foco nos mais pobres, com inclusão produtiva, e programas de microcrédito. Além de planejamento de governos estaduais e municipais. E que não prejudiquem o meio ambiente e tragam benefícios à cidade.
Fonte: Brasil 61
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